quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

(não havia outro lugar para anotar. abri o livro,
abri em sua última página,
abri a caneta,
abri a palavra.)



Me jogue uma pedra
por te desejar tanto
o tempo inteiro;


te jogo duas
por ter-me feito
querer-te tanto
a cada tento

inteiro ou meio
          ou
vazio ou cheio
ou seu cheiro,
tua manha,

teu assanho
eu sou
meu arrombo
   
de te ver,
e eu vou
voando
              sem pranto
              sem medo

te tenho
me dou

(tinha algo escrito atrás da página par em que risquei o que me vinha, li e eis:)

I know not what
tomorrow will bring,
me diz o fim
do livro em que você me ganhou,
but I'll.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Sem título (ou: não sei fazer títulos tão bem quanto sei fumar cigarros.)





I

Feliz sorrio
o louco
que de
tanta sorridência
me enlouqueceu.

Que maldição,
louco!
Sorrir assim tão fácil,
e nem me adoeceu!

Dai-me um trigo,
louco,
que dele faço mil.

II

Erro na mate
mática,  mas
não me asso
mbro. Já  nu
nca fui muito
bom  da  raz
ão.

III

Dai-me um Santo,
louco,
que dele me isento
da crueldade.

IV

Conceitos ralos,
ralé de pensamento;

bem mal amor ódio
palavra
palavra
palavra
palavra

Lavra é saber
ser homem em
tempos de
palavras.

V

Louco,
dai-me tua
loucura.

VI

Enfim
sós.


sábado, 27 de outubro de 2012

Rios.




Riu
de morrer de rir.

Frio
bate o pé,
sobe as coxas,
treme o ventre,
sobe as partes,
desce os olhos;

                                                   desço os olhos.
                                                   viro os olhos.
                                                   fecho os olhos.
                                                 
gemo.
desço corpo;
deixo.
deixo corpo.

afogo
se és curva no tráfego.


Ri os
tolos
do sufoco
do não saber
se braços
se leito.

Ri os
lábios
ao sufoco
ao não saber
quem mente
quem sente.

Rios
para nação,
Francisco belo.
Pó.
Vermelho
pôr-do-sol.

Acaricia-me os cabelos,
os pelos,
os portantos,
os contudos;
deixo corpo
seguir correnteza.




domingo, 29 de julho de 2012

nó.

é um nó é um nó é um nó é um nó
é um nó é um nó é um nó é um nó
é um nó é um nó é um nó é um nó
é um nó é um nó é um nó é um nó
é um nó é um nó é um nó é um nó
é um nó é um nó é um nó é um nó
é um nó é um nó é um nó é um nó
é um nó é um nó é um nó é um nó


é um só.
é Um só.
é um só
rapaz,
só mais um

rapaz,
na mais estilo clichê Cinza São Paulo Solidão Prédios.

sou só.
só mais um.
só mais um rapaz.

eu,
só rapaz,
e tu,
só rapaz,
porém,
juntos,
nós.

nós
cegos.
surdos.
mudos.
inquietos.

             passado
             é
             pó.
             é de dar nó.
           
dó.
ré.
mim.
faz
Sol
nascer                                                            vermelho
                                                                      dos teus olhos na fotografia.
                                                                      são divertidos olhos.








volta.
volta que linha solta não sabe desejar liberdade.
volta,
vai.

volta,
que solidão,
assim só,
é nó dor na gargante.




sábado, 28 de abril de 2012

Cartas D'ela - Parte 3

Dizer algo mais?
Mas há algo a se dizer?
Digo,
há algo mais que se possa fazer?
Faço questão
de não,
não dizer nada mais.

Na carta já havia tudo, no ato no não abraço já dizia tudo, na porta que deixei atrás de mim fechada já fechava todas as outras portas que abriam-se sozinhas, sem pedirmos, sem darmo-nos o trabalho de pensar em abri-las.

Que queres mais que diga
além de que não há mais nada,
nada,
nada a se dizer?

Que um dia te amei
e não mais amo?
Que um dia fui feliz
e não mais sou?
Que um dia fostes capaz de me dar de presente um sorriso, e hoje aquele relógio de prata nem mais o tempo serviu para contar os dias e as histórias que até pouco tempo atrás contávamos aos amigos que mal víamos tamanho o vício de nossa cama e banho e sofá e cozinha?

Seria diminuirmos. Seria te colocar na situação de perdedora, quando quem perdeu,
o amor pelo caminho,
fui eu.
Não doeu a partida em mim mais que em ti, então seria justo deixar isto tão claro?

Estaríamos sendo injustos, pois tu tentarias e, provavelmente, conseguiria manter-me no teu chão, e aí estarias sendo injusta com minha justiça própria - que se virou contra ti, mas que ao menos deixe-me ser vilão.
Te causei dor maior por teu imenso desde sempre orgulho.
Te conheço bem demais.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

"Preciso ficar acordado,
já que não consigo dormir.",
pensei o óbvio.

Fui na cozinha fazer um café.

- Não tem café, mas tem saudade. - me disse meu garçom invisível.
Mandei enfiar a saudade no cu;
ele adorou.

- Não,
não pode ser.


sábado, 7 de abril de 2012

Daquela vez que me desfibrilei, por Canastra.

eu,
o que sempre invalidou o amor,
estou aqui
nesta noite
para dizer:

de ti que tirei os olhos,
os meus.
de ti que arranquei as pernas, uma vez que tivesse resolvido ir tão longe,
fique com as minhas.
a ti,
de uma vez que quis abraçar,
quebrei os braços em reação assustada.
paraste de tentar me sufocar,
ao menos; de correr mais que eu. de não me ver.
parei de lutar, tirei férias. férias de ti,
de mim.

eis então que uma bela manhã de noite não dormida a música tocou meu corpo dançou e da dor dos pés esqueci completamente de tanto torpor pelo transbordo d'alma.